20 e poucos anos

Por Beatriz

Século XXI, ano 2008. O futuro do presente já chegou, e quem o viu passar? Quase ninguém.
Ela conjuga o verbo viver a quase 21 anos e até hoje não sabe se aprendeu seu verdadeiro significado. Os dias decorrem assim como as flores desabrocham: com uma facilidade incrível. Quando vê, as estrelas estão no céu, o mar invade a noite e o silêncio chora.

Sente como se uma onde a levasse pelos dias, pelas noites e pelas preposições necessárias da vida. Caminha por um porto, até então, seguro, e vai desenhando aquilo que sempre quis.

Escolheu a profissão que mais a agrada, apesar de não saber se dela sobreviverá; espera um amor, mesmo que não seja como o do conto de fadas e almeja uma grande felicidade, daquelas que só existem em baús escondidos depois do arco-íris.

Vinte e poucos anos é o que tem de experiência, de futuro e de passado. Conhece a vida por aquilo que viu, ouviu e pelo o que espera viver. O sol já aqueceu suas mãos, queimou sua pele e afagou as suas angústias, assim como a noite que já lhe deu colo, calor e secou suas lágrimas.

Vê a vida passar não como um ponteiro de relógio que não pára, mas sim como uma nuvem que se concretiza através do olhar do seu observador: umas vezes enlevadas, outras tantas intimidadas.

Ela sabe que o futuro é incerto, que cobrará dela atitudes até então não pensadas, mas isso não lhe dá medo. Aliás, a palavra medo nunca esteve em seu vocabulário. Sempre foi muito forte e corajosa para enfrentar as pedras no caminho e quase nunca esmoreceu.

A menina, hoje, é uma mulher, daquelas que ainda têm o sorriso de moleca, os olhos ternos de adolescente e a alma de uma criança. Não costuma planejar muito o futuro, ela só deseja continuar degustando a mágica felicidade de olhar para as estrelas... e assim poder desenhar sonhos no céu...